Sempre tive alguns sonhos, normais à maioria, perseguidos por poucos... Fazer mágica, descubrir novas misturas químicas, criar jogos eletrônicos, produzir filmes... Também tive vontade de fazer o que todos perseguem como ser jogador de futebol ou basquete, mas nunca aparecer na frente de uma câmera. Nunca quis ser famoso. Reconhecido sim, poder ver grandes feitos que "realizei" também. Mas que o mínimo de pessoas soubessem a respeito. Nunca quis, também, ser especialista em uma coisa só. Talvez isso seja uma indecisão, ou talvez uma decisão burra, mas continua sendo minha opção até hoje. Não tenho uma especialidade.
Mas uma dessas minhas paixões, por tecnologia, me jogou numa ladeira onde comecei a trabalhar profissionalmente com programação em 1998 e não consegui sair da bola de neve que isso fez da minha vida até o começo deste ano de 2008. Na verdade, acho que o processo começou em 1996, com o curso de Processamento de Dados que escolhi, naturalmente, pois era a opção que mais me agradava entre o que podia escolher fazer, e eu já conhecia um bocado a respeito. A questão é que entre 1998 e 2002 eu não sentia problema algum em fazer isso, parecia bom, talvez tenha sido mesmo... Mas meio que repentinamente eu não consegui manter o ritmo e no fundo comecei a adoecer até um limite em que simplesmente não podia trabalhar mais. Olhando pra trás, o meu rendimento nunca foi satisfatório (pro que eu queria) e muito menos valeu a pena (pelos resultados). Engraçado que eu lembro de ter tido que escolher uma senha, em 1998, quando no meu primeiro trabalho, para meu usuário na rede... E, entre letras e números, escolhi "2007", uma senha que gosto de chamar de "senha pública".
Bem, em janeiro de 2007 eu tive um convite para uma entrevista ao emprego em que trabalhei ateh janeiro de 2008. Fui bem em toda parte técnica como de costume. E fiz também uma redação falando de todos problemas que eu tinha com trabalho, em manter o ritmo, acho que até citei os problemas de saúde atuais que me impediram de trabalhar regularmente nos anos anteriores. Eu não estava querendo causar problemas e queria deixar bem claro que estava disposto a tentar mudar tudo, mas totalmente sem esperanças. Por um motivo ou outro, me aceitaram mesmo assim, o que me surpreendeu e de certa forma me animou um pouco. Seria uma vida nova, sozinho, ganhando suficiente pra recomeçar de novo, apesar que ainda um pouco inferior ao meu salário em 2001, e tendo que trabalhar mais. Pois bem, comecei em fevereiro e fui atrás de um lugar pra morar, enquanto me hospedava num hotel pago pela empresa. Um pequeno incentivo que é sempre bem vindo para animar.
Eu já havia antes, enquanto nos EUA, passado por isso. Cidade nova, trabalho novo, busco um lugar, me alojo, arrumo como posso, e vou me adaptando. Passei por isso quando voltei pro Brasil também, desta vez sem uma renda, sem trabalho, em São Paulo, e me arranjei de alguma forma mesmo assim. Não tive maiores problemas até então. Mas desta vez, a cidade que fui parar (Piracicaba, muito bonita por sinal) tinha uma máfia gigante de imobiliárias e não tornava nem um pouco simples alugar um espaço pra morar. Precisava de muitos papéis e documentos que eu não teria menor condição de arranjar, ou um capital absurdo que eu também não possuia. Burocracia na sua pior forma. Procurei em todas. Procurei flats, inexistente. Proprietários, nenhum faria sem a máfia, com medo da falta de proteção do sistema judiciário. A única opção que encontrei por todo tempo que morei lá foi sublocar. Pensões, na maioria das vezes. Por um tempo morei com um amigo do trabalho, mas isso é bem mais pra frente.
Foi buscando esse lugar pra morar que começou algo que eu não esperava acontecer... Afinal, em toda minhas frustradas tentativas, e experiências negativas, somado ao fato de nunca ter parado para buscar, eu continuava sem qualquer tipo de plano ou esforço em direção a conseguir aquilo que a sociedade veria como uma namorada. Eu prefiro imaginar que seria alguém com quem eu não precisaria me preocupar com ciúmes, pra começar, o que por si só já elimina qualquer definição convencional de namoro. Falta um nome pra me fazer entender melhor aqui, eventualmente encontro ou invento um. Antigamente eu me acolhia com amigos, as vezes com amigas, mas esses cresceram e tiveram que assumir papéis sociais que nos distanciaram muito mais do que eu gostaria.
Mas bem, encontrei uma garota de 20 anos que estava também procurando um lugar e se mudando pra cidade. Tentando encurtar um pouco essa parte da histórinha, ela se tornou minha melhor amiga e confidente por cerca de 6 meses. Mas era muito volátil e, na falta de uma palavra melhor, desjuizada. Moramos junto por alguns meses, tentei "namora-la", ela não quis por vários motivos.
Pelo menos pude aprender muito nesse tempo, essa foi certamente a melhor parte. Só por querer tanto ficar junto, apesar de todos pesares, ajudou bastante a melhorar minha auto-estima, eventualmente com algumas atitudes também. Principalmente ao me ajudar, incrivelmente, a ficar com uma outra garota, de 23, com quem troquei pela primeira vez um beijo e na cama. Foi muito bom passar pela experiência. Mas nada disso durou, e tudo se desmanchou muito mais rapidamente do que se formou. A "minha" garota foi pra outra cidade, de volta pro então namorado, possivelmente temendo por algo que eu disse.
Enquanto isso, eu e minha amiga terminamos brigando, nos separamos. Cerca de 2 meses mais tarde ela até admitiu de certa forma que estava errada, e pediu tanto pra eu voltar que tentamos viver juntos de novo por um tempo. Na época eu tinha acabado de ser demitido e ela ofereceu, de certa forma, me ajudar um pouco com custos, mas acho que no fim era só por interesse pois nunca mais voltamos a conversar direito, e ela acabou me trocando pelos novos relacionamentos que já tinha formado, além de rompido com a promessa de novo.
Ela foi uma pessoa que vivia criando problemas e fugindo deles ao mesmo tempo. Gostaria de saber dimensionar melhor se foi bom ou ruim no fim. Teria certamente sido bom se ela simplesmente cumprisse com a palavra. Pra ela, eu acredito que tenha sido bom, afinal, egoísta do jeito que era não tinha como perder algo comigo. Nada de falsa modéstia, não acho que seja algo bom sair perdendo numa relação, mas a verdade é que eu gosto demais das pessoas num geral pra me permitir a hipocrisia de cometer erros que eu jamais gostaria que ocorressem comigo, e pelo menos pude aprender um bocado de como conseguir evitar isso ao mesmo tempo de não me perjudicar tanto no processo. Talvez eu não tenha perdido tanto quanto parece no fim, e ela não tenha saído com o melhor da relação. Talvez.
Nisso, o ano de 2007 já tinha se acabado, assim como tudo que fiz nele já tinha ficado pra trás, com excessão de várias novas amizades, e duas em especial com quem mantenho um certo contato até hoje, apesar da nova distância. Mas essa história fica pra próxima vez que conseguir me insipirar pra escrever de novo.
Espero não ter sido muito inescrupuloso com as palavras... Pois sei de longa data que não consigo me fazer entender direito usando as malditas letras ajuntadas.
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